Nos últimos dias tem-se ventilado
no meio político a proposta de estadualizar o Parque Nacional de Chapada dos
Guimarães. Esta unidade de conservação é uma das 10 mais visitadas do Brasil e
recebe mais de 150 mil pessoas por ano. Neste artigo será apresentado um pouco
da importância deste espaço para sociedade mato-grossense e para o Brasil.
Nasci
e cresci em Chapada dos Guimarães e minha mãe, Maria Aparecida, foi uma das
defensoras da criação da unidade de conservação que se concretizou em 12 de
abril de 1989. O Parque está prestes a completar 30 anos e durante este tempo
passou por uma série de desafios. Destaco entre eles, a criação do plano de
manejo do parque, que define como cada área deve ser utilizada. Como qualquer
outra unidade ou instituição o Parque Nacional tem seus problemas, mas a
proposta de estadualização é viável? Com certeza não.
Precisamos
comparar a realidade vivida pelo parque nacional com a realidade existente nas unidades
de conservação estaduais como o Parque da Serra Azul em Barra do Garças e o
Parque da Serra de Ricardo Franco em Vila Bela da Santíssima Trindade.
Infelizmente nos últimos anos temos vistos estas unidades cada vez mais
abandonadas, além de possuírem problemas graves relacionados a regularização
fundiária e ainda não contarem com planos de manejo. No ano de 2017, a
Assembleia Legislativa chegou a cogitar sustar o decreto de Criação do Parque
Nacional da Serra de Ricardo Franco, o que na prática significaria acabar com a
unidade de conservação.
O
Parque Nacional de Chapada dos Guimarães, como já falado acima, é uma das
unidades mais visitadas do país e conta com uma equipe de funcionários federais
que garantem a bom funcionamento da unidade. Faço agora algumas perguntas ao
leitor: Teria o estado condição de assumir esse patrimônio natural? Se o estado
sabe fazer uma gestão adequada das unidades, por que os parques estaduais estão
tão abandonados? Seria a proposta de estadualização o início de um processo
para extinção do Parque Nacional de Chapada dos Guimarães? Se o estado quer
demonstrar que valoriza o meio ambiente e apoia o ecoturismo, por que investem
tão pouco nestes campos?
O
Governo de Mato Grosso pode sim fazer muito pelo Parque Nacional, como por
exemplo, se colocar como um importante parceiro para desenvolvimento do turismo
na região, publicar editais induzidos para pesquisas nas unidades de
conservação através da Fundação de Amparo à Pesquisa de Mato Grosso (FAPEMAT),
entre muitas outras ações. O Governo pode e deve ser sim um importante parceiro
desta importante unidade de conservação brasileira, mas certamente o Governo do
Estado não possui condições de assumir a gestão do Parque Nacional.
É
importante ressaltar que a função do Parque Nacional vai muito além de proteger
a biodiversidade, por exemplo, a unidade também desenvolve um papel estratégico
para garantia dos recursos hídricos da região, visto que grande parte dos rios
que abastecem a grande Cuiabá possui como área de recarga os aquíferos existentes
nas rochas situadas na unidade de conservação.
Precisamos
ter compromisso com as futuras gerações e com o nosso planeta, e isso passa
pela defesa das unidades de conservação. Acredito que os deputados, senadores e
o governo do estado podem auxiliar muito as unidades de conservação do estado
através da destinação de recursos para desenvolvimentos de projetos e
construção de obras que auxiliem na gestão destes espaços.
Cuidar das
unidades de conservação é pensar nas gerações que estão por vir. Investir em
turismo e em projetos nestas unidades é o caminho adequado para gerar renda e
desenvolvimento através do turismo e da pesquisa. Dado o exposto acima, afirmo
não a estadualização e que o Governo Estadual cuide e invista mais no meio
ambiente. As unidades de conservação existentes em Mato Grosso precisam da
atenção das nossas autoridades e do apoio do poder público. É necessário que o
Governo do Estado faça o seu dever de casa, é preciso cuidar das unidades
estaduais de forma adequada e apoiar as unidades federais.
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