“Uma oportunidade de viajar no tempo
e na história”
Localizado no centro da América do
Sul o Município de Chapada dos Guimarães possui um território com uma geologia
rica conhecida desde o século XIX. Mas, além da geologia, a história, a
arqueologia, a biodiversidade local e a riqueza cultural chamam atenção de quem
por ali passa.
A
colonização do município iniciou logo com a chegada dos primeiros bandeirantes
a região durante o século XVIII. Durante
esta época o território que hoje é o município cumpria um importante papel de
abastecer com alimentos as minas de Ouro de Cuiabá. Desta época ficaram
preservadas a Igreja Barroca de Sant’Ana e também diversa ruínas dos engenhos
de cana de açúcar que existiam nas então sesmarias concedidas pela Coroa Portuguesa.
Além deste importante patrimônio
histórico, nesta região existem diversos sítios pré-históricos com pinturas
rupestres que remontam aos primeiros homens que aqui chegaram. Um dos sítios de
maior destaque é a Lapa do Frei Canuto, com mais de 50 metros de pinturas
rupestre.
A construção de um Geoparque no
município de Chapada dos Guimarães com certeza é uma alternativa para o
desenvolvimento local, permitindo gerar renda e preservar o meio ambiente. Vamos
falar um pouco agora sobre a geologia de Chapada dos Guimarães.
O patrimônio geológico de Chapada dos
Guimarães e região permite realizar uma viagem desde o Neoproterozóico até o Terciário,
observando diversos tipos rochas metamórficas, sedimentares e ígneas. As
unidades geológicas mais antigas da região estão relacionadas ao Ciclo Transbrasiliano
que deu origem ao Supercontinente Gondwana, estas rochas são conhecidas na
literatura como Grupo Cuiabá, constituído por filitos, metadiamictitos,
metarenitos, quartzitos e mármores que foram depositados em um ambiente marinho
e posteriormente dobrados e metamorfisados dando origem a uma imensa cadeia de
montanhas. Associado a esse processo ocorreu a cerca de 503 milhões de anos a intrusão
do Granito de São Vicente.
Em Chapada estão preservadas as
rochas depositadas durante duas incursões marinhas (entrada do mar sobre o
continente) que ocorreram durante o Paleozoico, à primeira delas tem como
registro as rochas do Grupo Rio Ivaí de idade Neo-Ordoviciana, é constituído
pelas formações Alto Garças e Vila Maria. A diferença de resistência das rochas
associada à erosão através do fenômeno de erosão por piping possibilitou
formar um conjunto de cavernas, dentre elas a Carvena Aroe Jari, maior caverna
de arenito do Brasil.
A segunda incursão marinha ocorreu
durante o siluriado-devoniano, onde foram depositados os arenitos da Formação
Furnas e os folhelhos fossiliferros da Formação Ponta Grossa. Nesta última
unidade são encontrados fósseis de trilobitas, tentaculites, braquiópodes
(Conchinhas) entre vários outros animais marinhos.
Durante o Mesozóico um imenso deserto
se sobrepôs as formações geológicas existentes nessa região. Esse deserto deu
origem a Formação Botucatu, Constituída por arenitos médios bem selecionados
com estratificações cruzadas tangenciais de grande porte, hoje estas rochas
constituem um importante aquífero.
No período Cretáceo ainda associado
aos últimos esforços de quebra do Supercontinente Gondwana, um sistema de Grábens
e Horst se formou na região depositando uma sequência Vulcano-sedimentar que se
iniciou com o magmatismo basáltico da Formação Paredão Grande seguido pela
deposição em um sistema de leques aluviais das formações Quilombinho, Cachoeira
do Bom Jardim e Cambambe. Nestas unidades já foram descritos diversos fósseis
de Dinossauros entre eles o Pycnonemosaurus Nevesi identificado a partir dos fósseis coletados na
região.
Réplica do Pycnonemosaurus Nevesi exposta no Museu de Pré-História Casa Dom Aquino
A última unidade geológica é a
Formação Cachoeirinha constituída de conglomerados diamantíferos. Essa unidade
está associada à história de diversas comunidades locais que se formaram devido
à atividade garimpeira.
A erosão das unidades citadas da
origem a diversos geomorfossítios que possuem uma beleza cênica sem igual.
Destacando-se diversos mirantes, rios e cachoeiras. No município existe ainda
um parque nacional criado para preservar a biodiversidade do cerrado
Brasileiro, neste bioma existe uma grande diversidade de fauna e flora.
Relacionando todos os valores citados torna-se
possível a criação de um geoparque que envolva a população local, preserve o
meio ambiente e o patrimônio geológico e auxilie na construção de um modelo de
desenvolvimento sustentável para o município. Após debate realizado em
Audiência Pública requisita pelo deputado Wilson Santos, o primeiro passo para
a criação do Geoparque foi dado no dia 17 de junho com a criação de um comitê
para instrumentalizar as ações necessárias para desenvolvimento desta
iniciativa.
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