Em 2014
escrevi um artigo abordando sobre a obra do Hospital Central que começou a ser
construído em 1985 e até hoje não foi concluída. Se já não bastasse esse
símbolo de inoperância do poder público, nestes últimos 4 anos a população do
estado tem acompanhado um verdadeiro abandono de várias outras obras, algumas
com valor elevado como o novo Hospital Júlio Muller, o Veículo Leve Sobre
Trilhos (VLT) e os Centros de Treinamento da Copa (COTs), UFMT e Barra do Pari.
A justificativa para o abandono não pode ser só o custo, pois obras com valor
muito baixo como a guarita do Parque Nacional de Chapada dos Guimarães que foi
prometida para a copa até hoje também não foi entregue. Ao analisar os
discursos do governo, fica a impressão que algumas obras são deixadas de lado
por que não foram iniciadas pela administração atual. Fica então a pergunta, de
quem são as obras públicas, de um governo ou do estado?
A saúde é
uma das principais reivindicações da população, sempre quando vemos
manifestações ou discursos políticos entre as falas aparece com destaque as
preocupações com essa área. Hoje em Cuiabá temos três obras de hospitais
públicos, uma do novo pronto socorro que está em andamento, outras duas são a
do hospital central e do novo hospital Júlio Muller, esse segundo, apesar de
ser federal, teve a obra paralisada devido ao fato de o governo do estado não
ter cumprido sua parte para viabilizar a construção. É triste dizer, mas temos
um cemitério de hospitais inacabados, e enquanto isso sobram filas nas unidades
que estão abertas.
Os Centros Oficiais de Treinamentos
(COTs) são outro exemplo, um pedaço do legado da copa que nem chegou a ser
terminado, se a obra estivesse pronta poderia ser usada por atletas de diversas
modalidades, além de possibilitar a realização de campeonatos regionais.
Mas o caso mais complexo é o VLT. Já
foram gastos mais de um bilhão e com certeza parte deste dinheiro literalmente
já foi levado por água abaixo, visto que parte da obra já foi deteriorada pela chuva,
em alguns outros trechos árvores e palmeiras foram plantadas no canteiro “de
obra”. As 40 composições e os 280 vagões comprados estão abandonados e a cada
dia perdem valor também, visto que além de serem deteriorados pelo tempo,
também vão ficando pouco a pouco tecnologicamente defasados. Será que o estado
desistiu da obra? E se desistiu o que será feito? Será que faltou coragem para
tomar as atitudes necessárias? Os vagões serão vendidos na OLX?
Por fim, abordo sobre a guarita do
Parque Nacional de Chapada dos Guimarães, uma obra com custo tão baixo, por que
não foi concluída? Será que a principal unidade de conservação do estado não
merece ter uma guarita adequada para recepcionar os turistas do mundo todo que
nos visitam?
Ao analisar todo esse cenário de
abandono, acredito que deve passar pela cabeça de alguns gestores do nosso
estado, a ideia de que essas obras não são deles, mas se não são, de quem são
essas obras? Quem paga a conta deste abandono é toda a população do estado de
Mato Grosso. Ter um cemitério de obras inacabadas é a pior forma de sepultar o
dinheiro suado do povo mato-grossense. Precisamos de um governo com coragem e
atitude para mudar, basta de abandono e descaso com dinheiro público!
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