sábado, 15 de abril de 2017

Por hoje...

Por hoje, nada tentarei fazer de fantástico
Vivo agora apenas um pouco de monotonia.
Quase estático
Também não viverei nenhuma ousadia

Por hoje, apenas deixo às horas passarem
Neste momento não serei escravo dos afazeres
Não pensarei nas obrigações e nas pessoas com seus “dizeres”

Nessa rotina louca que não nos deixa mais ver o sol se por, a todo instante, a terra gira e o tempo é cravado nas curvas do horizonte!
No rosto o tempo é contado pelas marcas que são capazes de depor
Basta olhar no espelho o próprio semblante
E se enxergar...
E hoje verei apenas serenidade no olhar

E amanha viverei o que o destino me reservar

segunda-feira, 10 de abril de 2017

DESASTRES NATURAIS – QUEM MAIS SOFRE É QUEM TEM MENOS

Neste artigo de opinião abordarei um comparativo didático entre situação de desastres naturais que ocorram no Japão, Chile e no Haiti, além de abordar alguns exemplos relacionados ao estado de Mato Grosso, e a realidade Brasileira. Para começar o debate, coloco uma pergunta provocativa:

Por é tão importante o estado desenvolver políticas corretas de uso e ocupação do solo e políticas de prevenção e mitigação de desastres naturais?

Além de evitar danos econômicos, evitar perdas de vidas, o desenvolvimento de políticas corretas pode auxiliar na proteção e desenvolvimento social, pois quem mais sofre e mais demora a se recuperar de uma situação de calamidade são as pessoas de baixa renda e que mais precisam de amparo do estado.
Em 2010 no Haiti, um terremoto catastrófico de magnitude 7,0 graus na escala Richter abalou o país causando a morte de ao menos 230 mil pessoas, deixando outras 300 mil feridas e mais de 1,5 milhão de haitianos desabrigados. No mesmo ano no Chile, um terremoto de 8.8 graus foi seguido de um tsunami que atingiu o centro e sul do país deixando mais de 500 mortos. Por fim, um terremoto de 9,0 graus de magnitude, também seguido de um tsunami, causou a morte ou desaparecimento de 18.000 pessoas no Japão em 2011. Além das vítimas, o fenômeno causou danos irreversíveis ao sistema de resfriamento de três reatores nucleares localizados na cidade de Fukushima, causando um desastre radioativo.
As três situações envolvem desastres naturais, entretanto a forma como os desastres ocorreram em cada país, e como cada um deles conseguiu reagir à tragédia, depende muito da condição econômica da nação, das medidas realizadas de prevenção a desastre e da capacidade de assistência nos momentos mais críticos.
No Brasil e em Mato Grosso a realidade não é diferente, principalmente quando se trata de inundações e deslizamentos. Devido à ausência de estudos técnicos adequados e em virtude de problemas graves nas políticas de usos e ocupação do solo e de habitação, muitas moradias são construídas em áreas de risco. Na maioria dos casos, são residências de pessoas humildes.

Embora seja comum nos períodos de chuva assistirmos notícias - locais ou nacionais - falando de famílias que perderam tudo em uma chuva ou um deslizamento,  vemos, infelizmente, os desastres naturais levar a construção de uma vida inteira de algumas pessoas definitivamente por água abaixo. Da mesma forma que os países pobres demoram a se recuperar dos desastres, as pessoas de baixa renda também possuem uma dificuldade maior em recuperar o que perderam durante as adversidades da natureza. Por isso, é tão importante o estado fazer seu papel de desenvolver políticas de habitação e de uso e ocupação do solo adequadas e, fundamentalmente, embasada em estudos técnicos.

SITUAÇÃO DE EMERGÊNCIA

No último mês no Estado de Mato Grosso, ao menos 14 Municípios decretaram situação de emergência, sendo eles: Rio Branco, Vale de São Domingos, Chapada dos Guimarães, Confresa, Vila Rica, Santa Terezinha, Cláudia, Água Boa, Pontes e Lacerda, Porto Esperidião, Barra do Bugres, São José do Xingu, Jauru e Campo Novo do Parecis.
A declaração de situação de emergência está relacionada à ocorrência de desastres. Segundo o Glossário da Defesa Civil Nacional, desastre é o “resultado de eventos adversos, naturais ou provocados pelo homem, sobre um ecossistema (vulnerável), causando danos humanos, materiais e/ou ambientais e consequentes prejuízos econômicos e sociais. A intensidade de um desastre depende da interação entre a magnitude do evento adverso e o grau de vulnerabilidade do sistema receptor Afetado”. Os desastres podem ser classificados como desastres naturais ou humanos.
O Brasil é um dos países no mundo mais afetados por desastres naturais relacionados à dinâmica externa do nosso planeta tais como inundações, escorregamentos, vendavais, chuvas intensas entre outros. No caso de Mato Grosso, além dos eventos da dinâmica externa, aqui na terra de Rondon ocorreu em 1955 o maior terremoto registrado no Brasil, de 6,6 graus na escala Richter.
Os desastres naturais estão ligados aos processos e ciclos que envolvem nosso planeta. É fácil para qualquer pessoa compreender ciclos como os dias e as estações do ano. Todavia, a forma como se dará cada uma das estações está relacionada a outros fenômenos maiores, como variações das correntes marinhas (Ex. El Niño e La Nina), ciclos solares entre muitos outros. Estes ciclos influenciam no nosso planeta através das décadas ou séculos, e algumas destas variações são mais complicadas para serem observadas, pois são geracionais, ou seja, você ira presenciar um fenômeno que só ocorrerá novamente quando seu bisneto ou tataraneto tiver a sua idade.
Os impactos dos desastres naturais podem ser amplificados pela atuação do homem, por exemplo, a impermeabilização de terrenos facilita alagamentos. Outras medidas como a ocupação de áreas inapropriadas, podem resultar em grandes perdas materiais e humanas. Por isso é necessários sempre uma política de uso e ocupação do solo que seja construída com base em estudos técnicos adequados.
Os desastres naturais ocorrem e continuarão a ocorrer no nosso planeta, contudo através de medidas adequadas é possível minimizar os danos causados por esses eventos. Toda via, negligenciar a existência dos fenômenos e dos ciclos da natureza pode ampliar o número de vítimas e o impacto dos desastres. Em países como Japão, os governos e a população aprenderam a lidar com as adversidades da natureza tais como terremotos, vulcões e tsunamis.
No nosso Estado, ano após ano, vemos diversos municípios decretarem situação de emergência. A pergunta que cabe ser feita é: Quais a medidas preventivas estão sendo desenvolvidas pelo estado de Mato Grosso para assegurar que o uso e ocupação do solo estão sendo realizado de forma adequada? Será que de fato os governos tem se preocupado em tomar medidas responsáveis relativas a esta temática? Ou será que estão apenas de dedos cruzados esperando com que a natureza se comporte, no ano seguinte, da mesma forma que se comportou no ano anterior?

Para concluir, digo que o estado de Mato Grosso deve tomar algumas medidas importantes. Como o desenvolvimento de uma política correta de uso e ocupação do solo, desenvolver uma orientação adequada para a população em áreas de risco e equipar a defesa civil. Dentro desta última, desenvolver um corpo técnico aos moldes de outros estados, como Rio de Janeiro e São Paulo, pois possuem uma equipe técnica especializada em estudos e medidas preventivas.