Nos últimos anos tive a
oportunidade de ministrar algumas palestras para o público jovem, um tópico que
sempre abordei foi o futuro que temos desenhado para a nossa geração. O Brasil
passa desde o final da década de 80 por um processo que se chama inversão da
pirâmide populacional, este fenômeno que já ocorreu em diversos outros países
representa o envelhecimento da população. O que isso tem a ver com a juventude
de hoje?
Pois
bem, nasci em 1990 e a geração que faço parte tem grandes desafios pela frente.
Em 2050, nós que fazemos parte da maior geração de jovens do Brasil seremos a
maior geração de idosos que o país já teve, ou seja, seremos a maior geração de
aposentados. Ou não! Em 2016 o rombo da previdência social está em R$ 88,9
bilhões de reais, isso significa que mesmo hoje onde temos muitas pessoas contribuindo
para a previdência os valores arrecadados são insuficientes para cobrir os
benefícios pagos. Se hoje está assim, imagina como estará em 2050?
Esse
cenário se torna ainda mais crítico se relacionarmos o envelhecimento da
população com vários problemas existentes no Brasil hoje. A educação do Brasil
tem muito que melhorar, em um ranking divulgado em 2015 pela Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) o Brasil ficou na 60° posição
entre 76 países. Em 2013 o Brasil ainda registrava 13 milhões de analfabetos
com 15 anos ou mais, ainda temos crianças que não possuem acesso à educação.
Quais as possibilidades de emprego que os jovens que nem se quer tiveram acesso
à educação terá durante a vida? Com certeza não serão as melhores visto que
cada vez mais se exige preparo para se ter acesso a bons empregos. No mundo de
hoje os jovens não disputam mais empregos somente com as pessoas de seu bairro
ou sua cidade, as grandes empresas buscam hoje profissionais em outros estados
e países. Com isso a concorrência e a necessidade de se preparar ficaram ainda maiores,
e esse cenário não deve mudar nas próximas décadas.
Para
completar, as cidades brasileiras não vêm apresentando grandes avanços em
relação à mobilidade urbana e ampliação da qualidade de vida para a melhor
idade. O que deveria ser obrigação dos nossos governantes muitas vezes fica em
segundo plano e as ruas, as calçadas, o transporte público entre outros, não
oferecem as condições dignas de uso para os cidadãos.
Para
resumir, temos um país com uma grande deficiência educacional, jovens que tem
dificuldades de acesso ao primeiro emprego, cidades que não oferecem estruturas
para a melhor idade e um rombo crescente na previdência social. Como poderemos
enfrentar estes problemas? Nas próximas semanas farei mais alguns artigos
abordando este cenário.
Pirâmide etária em 2015 segundo o IBGE
Projeção da pirâmide etária do Brasil em 2050 segundo o IBGE
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