terça-feira, 16 de junho de 2015

O vestibular e as eleições

“É preciso pensar em reduzir a força do capital financeiro e também garantir igualdade de fato nas disputas”
No mês de outubro passado, dois temas de grande repercussão nos meios de comunicação foram as eleições e o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). 
E o que esses dois temas têm em comum? É simples, o primeiro se tratava da disputa político-partidária que decidiu como será o nosso governo nos próximos anos. 
O segundo tema se trada da disputa entre candidatos para conseguir uma vaga em uma universidade.
Em resumo, os dois assuntos deveriam ser disputados de forma igualitária. Todos nós sabemos das desigualdades que existem na educação do nosso país, mas e nas eleições será que a disputa é igualitária? Neste artigo irei agora comparar o processo eleitoral com um vestibular.
Antes de começar, devemos lembrar algumas "regras e fatores da nossa política atual". No Brasil existem hoje 33 partidos regulares, regidos por seus estatutos e para se chegar à disputa eleitoral é necessário passar pelo crivo partidário. Contudo, esse crivo tem suas regras que não são necessariamente as mais democráticas possíveis.

A disputa eleitoral e feita através de coligações cuja construção muitas vezes não está ligada à ideologia, e sim a quantidade de tempo de TV que cada partido possui. Mas de onde vem o tempo?
Cada partido tem seu tempo de TV e fundo partidário de acordo com a quantidade de deputados federais que a sigla possui. 
A democracia nos partidos do Brasil é questionável e o projeto ideológico da maioria dos partidos já foi deixado de lado faz tempo. 
Essa critica foi apresentada de forma clara nas manifestações de junho do ano passado onde entre as principais pautas estava a Reforma Política.
Vamos entender um pouco mais das desigualdades no processo eleitoral comparando-o com o vestibular: 
Imagine você fazendo uma prova em que tem 1h para concluí-la, e seu concorrente tem 7 horas. Pois essa é a realidade da distribuição do tempo de TV dentro de grande parte das coligações. 
Normalmente, um ou outro candidato “escolhido” ganha a maior parte da “fatia democrática” do tempo de TV, e com isso sai na frente de todos os seus concorrentes. 
Basta lembrar das eleições, que com certeza o leitor lembrará de alguns candidatos que apareciam mais na TV do que propaganda de carro.
Além da diferença de tempo, terá que resolver todas as contas de matemática usando uma caneta e papel, enquanto seu concorrente tem computadores, calculadoras e ainda uma bela equipe de professores para acompanhar cada cálculo. 
Hoje, as regras de financiamento de campanha e o uso da maquina pública fazem com que se tenha um desnivelamento gigantesco entre as estruturas dos candidatos. 
Essas diferenças ocorrem em quase todos os partidos e coligações, e alguns me dizem ser “normal” da democracia Brasileira. Mas me pergunto: realmente o processo assim é de fato democrático?
Acredito que o Brasil precisa de uma reforma política de verdade, que mecha desde as estruturas partidárias até o processo de escolha dos candidatos. 
É preciso pensar em reduzir a força do capital financeiro e também garantir igualdade de fato nas disputas eleitorais. 
Agora, o complicado é que essa reforma política, para ocorrer precisa ser votada pelos próprios políticos que em geral foram eleitos devido às regalias que obtém na disputa. Isso significa que teríamos que ver o congresso nacional e as lideranças partidárias cortando da própria carne. 
Será que isso um dia irá acontecer?
Para mudar o Brasil de verdade é preciso que a reforma política aconteça. 
Enquanto a política brasileira não mudar, continuaremos a viver em um país com sérios problemas sejam eles sociais, econômicos ou estruturais, pois, os vícios do processo eleitoral são apenas a ponta de um gigantesco iceberg que pode afundar esse gigante país chamado Brasil!

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