Os museus são importantes ferramentas de
divulgação e propagação de diferentes aspectos inerentes ao ser humano,
envolvendo desde seu modo de vida, história, ciência e cotidiano. Em um país
com a dimensão continental que o Brasil possui e com as diferenças regionais,
culturais e econômicas existentes, é preciso pensar sobre a democratização do
acesso a instituições museológicas, pois estas hoje se encontram concentradas
principalmente em grandes centros urbanos.
O contato com diferentes exposições
auxilia no processo de aprendizagem e compreensão de aspectos científicos e
culturais. A centralização destas instituições pelo país em ilhas oferece como impacto
inclusive o risco a preservação de acervos, tendo em vista que ocorrem casos de
distanciamento geográfico entre local de origem dos artefatos e as instituições
museológicas.
A compreensão da necessidade de
preservação da cultura imaterial também é um assunto que deve ser discutido.
Este tema tem ganhando destaque nos últimos anos ao se avaliar a importância das
informações construídas através de gerações em comunidades e populações
tradicionais ou então para se compreender as realidades e grupos sociais
existentes.
A cultura imaterial representa uma
grande riqueza acumulada e que caso não trabalhada e documentada pode se perder
devido ao processo de globalização e difusão massiva de informações culturais dos
grupos dominantes, através das ferramentas de comunicação. A riqueza existente
no conhecimento de populações tradicionais, quilombolas e indígenas deve ser
preservada. Para isso, os museus e os trabalhos de documentação destas
informações são vitais para manter viva a linguagem, as danças, a culinária
entre outros muitos elementos que compõem as tradições e modo de vida destas
pessoas.
Sobre a preservação do patrimônio
museológico é importante ressaltar que o distanciamento entre o desenvolvimento
da ciência e a população de regiões alvo de pesquisas pode ter um resultado drástico.
Um exemplo que pode ser citado sobre isso é em relação ao patrimônio
arqueológico e paleontológico, ambos são considerados como patrimônio da união
e tem uma característica singular, os fósseis e artefatos são encontrados em
determinadas regiões onde muitas vezes as instituições museológicas são
ausentes e posteriormente os materiais são transportados e expostos nos museus
existentes nos grandes centros.
Como se pode preservar algo que não se
conhece ou que não se tenha construído uma relação de convivência? Por isso a descentralização
de ferramentas museológicas também pode ser vista como uma importante ação para
a preservação de artefatos e acervos. A democratização do acesso aos museus
deve ser pensada e trabalhada no Brasil como instrumento educacional, cultural
e científico.
A descentralização das instituições
museológicas pode cumprir uma função importante no desenvolvimento econômico das
localidades onde se existam acervos relevantes, gerando emprego e renda. Essas
perspectivas são observadas ao longo do mundo em cidades e países que tem como
importante base econômica o turismo. A compreensão do patrimônio museológico
como bem rentável a municípios e regiões deve ser fomentada de forma
inter-relacionada aos muitos outros aspectos que envolvem a museologia.
Para enfrentar e trabalhar estes distintos
temas apresentados acima, é preciso que os gestores públicos entendam que os
museus cumprem um importante papel na nossa sociedade e que o acesso ou não a
eles, possuem impactos econômicos, sociais e científicos. A democratização dos
museus passa pela ampliação e descentralização das instituições museológicas,
pela elaboração de exposições itinerantes que cheguem para além dos grandes
centros urbanos e pela utilização de ferramentas digitais de comunicação para construir
caminhos entre os acervos e o público das diferentes regiões.
Essas ações devem sempre ser pensadas e
construídas em uma consonância entre as populações locais e instituições
museológicas, para que assim tenhamos cada vez mais museus, mais público e mais
informação a toda a nossa sociedade.
Radharani
Kuhn, Estudante de Comunicação Social – Radialismo (UFMT),
Caiubi
Kuhn, Geólogo e Mestre em Geociência