Nos últimos dias,
após os fatos ocorridos durante a nossa luta contra o fechamento de 50 vagas nas
casas de estudantes da UFMT, diversas informações foram colocadas sobre a
assistência estudantil. É importante esclarecermos, dentre tudo que foi dito, qual
é a realidade dos fatos, e o que está sendo omitido e/ou alterado.
Os números reais
sobre assistência estudantil são bem diferentes do que os apresentados pela
universidade e, por isso, são necessários corrigir e elucidar alguns fatos e
dados. A UFMT possuirá este ano 1885 bolsas permanência (sendo 1250
institucionais e 635 oriundas da nova politica de cotas do MEC) a qual para-se
400 reais mensais para cada estudante bolsista estudantes, 1500 bolsas
alimentação cujo valor este ano será de 100 reais mensais tendo ainda um
adicional na nesta bolsa de 40 reais quando este for morador de casas de
estudantes ou bolsistas moradia, 360 bolsas moradia onde o valor é de 360 reais
e 150 vagas de casa de estudantes (UFMT
quer fechar 50 reduzindo para apenas 100 vagas), das quais todas estas podem ser acumulativas
entre si exceto bolsa moradia e casa de estudante.
Sendo assim o
estudante que é amparado por todas as politicas de bolsa e auxilio chegam ao
máximo a ganhar 540 reais quando morador de casa de estudante e 900 reais
quando bolsista moradia. Neste segundo caso com este valor o estudante deve
pagar seus gastos com agua, luz, telefone, internet, alimentação e demais
gastos que todo estudante tem. Afirmo então que a UFMT não paga 1200 reais de
bolsa, e sim ao máximo 800 reais, e este valor e pago a no máximo 360
estudantes, já que, este é o numero de bolsistas moradias.
Ressalto ainda
que a minoria dos estudantes recebem os três tipos de politica (alimentação +
permanência + moradia) sendo assim, a informação passada na mídia através da
reitora de que os discentes receberiam 1200 reais não procede, assim como a informação
referente a quantidade de estudantes assistidos pela politica de bolsas da
UFMT, que são para atender mais de 20 mil discentes, lembrando que as politicas
de bolsas são acumulativas, desta forma diferente do que foi dito pela UFMT não
temos metade dos estudantes assistidos por bolsas de auxilio, e sim apenas cerca
de 10% a 15% dos discentes são amparados pela assistência estudantil.
A
Casa do estudante que foi inaugurada no final de 2012, começou sua construção a
8 anos atrás e foi entregue somente agora. Desde o inicio da gestão da reitora
Maria Lucia, não se teve nenhum edital de construção de novas casas de
estudantes, mostrando assim que a UFMT não prioriza a politica de casas de
estudantes. Neste período a instituição criou uma politica paliativa que foi o
auxilio moradia, entretanto temos que analisar a relação de custo/beneficio
entre as duas políticas.
Nas
casas de estudantes, os assistidos possuem geladeira, fogão, cama, maquina de
lavar dentre outros apetrechos que são usados para vivência e para qualidade de
vida. Primeiramente ressalto que defendo a construção de novas casas, mas se
for para analisarmos as diferenças entre os gastos com as casas de estudantes alugadas
e o valor gasto com auxílio moradia, temos que ser críticos e colocar os dados
na ponta do papel.
Nos
bairros próximos a UFMT, qualquer aluguel de uma kitnet de um quarto e um
banheiro custa cerca de 500 reais. O auxilio paga somente 360 reais para que o
estudante pague agua, luz e internet, não sendo suficiente para os mesmos o
valor pago pela universidade com a politica de auxilio.
Cada casa
alugada tem um custo que varia entre 1900 e 2800 reais para abrigar entre 8 e
12 estudantes. Ao todo o gasto com aluguel custa cerca 240 reais por mês para
cada um dos 50 estudantes assistidos por estas casas. A universidade também
custeia os gastos de energia e agua e fornece internet gratuita (pois é
proveniente da conexão principal da universidade e é transmitida através de
antenas para as moradias). Estas casas possuem toda a estrutura de vivência
necessária para convivência e formação dos estudantes, como cozinha, área de
serviço, quintal, sala dentre outras estruturas que auxiliam para a qualidade
de vida dos moradores.
Comparando
então, às casas supracitadas, ao auxilio moradia, e com base nos dados
aferidos, nota-se que a primeira possui um grau de qualidade superior por ser
uma política mais barata e eficiente, contrária ao auxílio moradia, que se
mostra hoje com valores insuficientes para custear os gastos dos estudantes.
Agravando a
situação e analisando o fato de que as politicas de assistência estudantil são
para estudantes de baixa renda, temos que considerar que, para realizar aluguéis
em geral é necessário fiador e comprovação de renda. Ora, se a família do
discente é de baixa renda quem seria o fiador desse estudante? E digo mais, nas
casas de estudantes já existem móveis que fornecem aos estudantes as condições
mínimas de vivência. Uma família de baixa renda teria condições de mobiliar uma
kitnet? Teria condições de pagar a conta de energia, água, e internet?
Importante
ressaltar que neste ano de 2013 ingressarão dentre os calouros da UFMT, pela
nova politica de cotas, 635 estudantes comprovadamente de baixa renda. Muitos
destes são oriundos de outros estados, sendo assim, necessitarão de moradia
estudantil. Nesta análise não estamos considerando a demanda existente nos dias
de hoje e que não é atendida, ou seja, somente a demanda dos calouros já será
muito superior a oferta atual. E por isso defendemos a ampliação de imediato da
moradia estudantil. Queremos construção imediata de novas casas e não aceitamos
a redução de nenhuma vaga de moradia estudantil. Nós estamos defendendo que a
UFMT mantenha as casas de estudantes alugadas, já que estas se mostram mais
baratas e oferecem uma melhor qualidade de vida. Lembrando que não estamos aqui
reivindicando nenhum tipo de luxo, apenas qualidade de vida e eficiência dos
gastos públicos.
E perguntamos:
Mesmo com todos estes argumentos, por que a reitora quer fechar as casas? Que
gestora é essa que quer optar por uma politica mais cara e menos eficiente,
querendo colocar o estudante em condições piores de moradia? E por que a UFMT
tem se negado a realizar uma audiência pública? E o mais importante, porque o
maior interessado, que é o estudante, foi informado informalmente somente sobre
esta “mudança”? Nunca fomos ao menos, convidados para participar dessa
discussão e buscar alternativas, uma vez que somos os principais afetados com
essas mudanças? E por que reduzir vagas na sendo que a demanda esta ampliando
expressivamente?