Uma coisa é certa na realidade
brasileira: precisamos virar a página, iniciar um novo capítulo na história do
país. Faço parte da geração dos anos 1990, uma geração que traz consigo uma
pesada carga de responsabilidade e um gigantesco desafio. Pois, a geração dos
anos 90 foi a maior geração de crianças e de adolescentes do país, logo estamos
nos tornando a maior geração de adultos e, então, seremos a maior geração de
idosos.
A geração da
década de noventa marca a inversão da pirâmide populacional do Brasil, e essa
mudança etária representa também uma série de mudanças no contexto econômico e
social ao longo das décadas. Por exemplo, imagine-se agora em 2050 em um país
de idosos, quais deveriam ser as prioridades do governo e da onde sairiam os
recursos?
Hoje, somos um
país agrário e que depende necessariamente das commodities minerais e
agrícolas, a indústria brasileira possui uma participação muito pequena na
econômica e o nosso investimento em ciência e tecnologia e pífio. Em 2050, será
que teremos como continuar sendo um país com esse perfil econômico? Certamente
não. Precisamos buscar alternativas para o Brasil, para além das commodities.
Já vimos que
os desafios pela frente são muitos. Mas, onde erramos? Não existe país que se
desenvolva sem educação e investimento em ciência e tecnologia. Em cada produto
que compramos pagamos também o custo cientifico embutido nele, seja pela
técnica aplicada ou pelas patentes embutidas. E o problema é que o Brasil está
lá atrás na fila tecnológica.
Além dos
recursos para pesquisa, para se fazer ciência e tecnologia, precisamos de
educação. Na década de 90 e nos anos 2000, nosso sistema educacional avançou a
passos de tartaruga. Se olharmos os indicadores internacionais de educação,
vamos ver que hoje continuamos mal posicionados e que essa realidade não mudou
muito nas últimas décadas. Sim, os governos que aqui passaram não fizeram o que
era necessário e, graças à falta de ação dos governos, hoje temos a maior
geração de jovens que o Brasil já viu e que irá ver, com uma formação
deficitária. A falta de formação por si só cria o chamado desemprego
estrutural, que é quando existe emprego, mas quem está desempregado não possui
formação adequada para o posto. Para piorar ainda mais, vivenciamos uma crise
econômica e, é lógico, o jovem é um dos que mais sofre na crise por não possuir
experiência.
O que fica
claro com tudo isso, é que existem diferenças muito grandes entre os discursos
políticos que vemos das principais lideranças e presidenciáveis do Brasil e a
realidade de nossa nação. A pirotecnia ainda continua sendo o ponto forte no
debate político, enquanto realidades, como a exposta acima, ou não é tratada ou
é tratada com desdenho. Precisamos virar essa página, precisamos discutir a
realidade do Brasil e construir um projeto de nação com educação, ciência,
tecnologia, desenvolvimento econômico e social. Temos 30 anos para tentar mudar
a realidade do Brasil, caso contrário, teremos um futuro ainda mais trágico que
o presente.