Ao longo do ultimo mês acompanhei através mídia a repercussão dos 5 projetos relacionados a transporte coletivo aprovados na câmara dos vereadores. Neste tempo escutei a prefeitura e os empresários do transporte falando sobre o preço da passagem e o quanto estes projetos afetariam os cofres públicos e o bolso da população.
O prefeito Mauro Mendes vetou 4 dos 5 projetos, aprovando apenas a ampliação do horário de integração. A aprovação deste projeto foi uma vitória que possibilitará o tempo necessário aos trabalhadores da periferia de Cuiabá chegar ao trabalho, a escola ou a atividade de lazer.
Outros 4 projeto foram vetados e agora falarei um pouco mais sobre os vetos, e sobre a postura dos vereadores e do prefeito. Vou começar pela volta dos cobradores! Primeiramente gostaria de lembrar a todo população que quando os cobradores foram retirados a tarifa não diminuiu. Estão por que a tarifa tem que aumentar para R$ 3,41 com a volta dos cobradores? Vamos agora fazer um exercício simples de matemática:
Antes da retirada dos cobradores o valor da tarifa era R$ 2,75.
Tarifa = Cobradores + custo de manutenção e renovação da frota + motoristas + Impostos + outros
Com a retirada dos cobradores a tarifa passou para R$ 2,85:
Tarifa - Cobradores – Impostos (PIS/COFINS) = custo de manutenção e renovação da frota + motoristas + Impostos Outros Quadrinhos
A MTU alegava que com a volta dos cobradores teria que subir a tarifa para R$ 3,41:
Tarifa – Impostos (PIS/COFINS) = Cobradores + custo de manutenção e renovação da frota + motoristas + Impostos
Alguém mais notou algo de estranho?
Sobre o fim da restrição de horário do passe livre:
A prefeitura para hoje o passe para o estudante ir a escola e voltar, entretanto este horário é restrito. O estudante que frequenta a escola no período matutino deve ir para escola no inicio da manha e retornar até às 14h. Se passar deste horário ele tem pagar o passe. Sabemos hoje que a educação não se faz somente na sala de aula, é fundamental propiciar aos jovens as condições para participar de atividades esportivas, culturais, participar do grêmio estudantil, ficar na biblioteca lendo entre muitas outras coisas que este estudante pode desenvolver no período vespertino e noturno. Mas não hoje a prefeitura e os vereadores quer que ele volte para casa para ver seção da tarde e assistir malhação. A prefeitura paga o passe do estudante para ele voltar às 14h ou para voltar às 22h depois de um dia inteiro de atividade na escola. Vamos fazer agora mais um calculo:
Valor diário do gasto com esse estudante:
Passe para ir a escola + passe para voltar da escola as 14h = 2 passes
Passe para ir a escola + passe para voltar da escola a qualquer hora do dia = 2 passes
Aumentou alguma coisa?
Sobre o passe livre para pós-graduação ressalto que a lei diz que o passe livre é para todos os “terceiros graus” e que a pós-graduação se inclui dentro destes. Sendo assim já é um direito nosso o passe livre, contudo este direito não é cumprido. Importante dizer que os pós-graduandos são estudantes que quando bolsistas possuem dedicação exclusiva e em nossa bolsa não é contemplado vale transporte (pois não somos trabalhadores) e hoje também não recebemos o passe. Ou seja, estamos em um vácuo sem ter acesso ao direito de transporte para realizar nossas atividades de pesquisa.
Para finalizar digo que algo de muito estranho aconteceu neste ultimo um mês. Acredito que os nossos vereadores foram iluminados com informações que fizeram eles mudarem de ideia sobre projetos que os mesmos aprovaram antes por unanimidade. Se era errado antes, por que aprovaram? Ou será que não leram? Digo ainda que assim como eu, muitos outros estudantes estão abertos a dar uma monitoria de matemática básica ao executivo ou legislativo para explicar às contas apresentadas a cima. E sonho em um dia poder ter em minha cidade um transporte público de qualidade com uma tarifa justa e com contas que façam sentido.