No fim da década de 80, a indústria respondia por 46% do PIB,
de lá para cá a participação do setor na economia Brasileira ficou cada vez
menor. Em 2000, correspondia a 26,7% e em 2016 chegou a 21,2%. Se analisarmos
em separado a participação da indústria de transformação, observamos que esse
setor correspondia 21,6% do PIB em 1985, caindo para 15,3% em 2000 e 11,7% em
2016.
Enquanto a participação da indústria teve uma trajetória
decadente, a agropecuária, por exemplo, se manteve relativamente estável nas
últimas décadas. Em 2000, representava 5,5% do PIB, o mesmo valor alcançado em
2016. A agropecuária oscilou entre 4,8% (em 2010) e 7,2% (em 2003), sendo
respectivamente o pior e melhor resultado entre 2000 e 2016.
Ao analisarmos a balança comercial Brasileira, verificamos
que se não fosse à exportação de produtos primários, seja do setor agrário,
seja do setor mineral, a balança fecharia déficit, isso por que importamos
produtos industrializados e exportamos produtos primários. Essa crescente
desindustrialização deve ser analisada com cuidado, no remodelamento das
políticas econômicas do país. As políticas econômicas Brasileiras estão
moldadas para fortalecer a indústria ou estamos moldando nosso país para ser um
fornecedor de matéria prima?
Independente do tamanho do Estado, ele tem um custo e esse
custo é distribuído entre cidadãos e empresas que nele estão. Desonerações como
a proporcionada pela lei Kandir isenta do tributo ICMS os produtos e serviços
destinados à exportação, o Art. 3º desta lei
destaca que o imposto não incide sobre “II -
operações e prestações que destinem ao exterior mercadorias, inclusive produtos
primários e produtos industrializados semi-elaborados, ou serviços”. Como dizem
meus amigos liberais, não existe almoço grátis. E, se alguém não está pagando
um tributo outro setor está ficando com a conta. Neste cenário surgem algumas
dúvidas. Qual o projeto de país estamos construindo no Brasil hoje? Queremos
ser a fazenda do mundo? Seremos um grande exportador de produtos primários e um
grande importador de tecnologias? Será que não poderíamos agregar valor aos
nossos produtos antes de exportar?
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