quinta-feira, 18 de junho de 2015

Os museus como instrumento de transformação

Os museus são importantes ferramentas de divulgação e propagação de diferentes aspectos inerentes ao ser humano, envolvendo desde seu modo de vida, história, ciência e cotidiano. Em um país com a dimensão continental que o Brasil possui e com as diferenças regionais, culturais e econômicas existentes, é preciso pensar sobre a democratização do acesso a instituições museológicas, pois estas hoje se encontram concentradas principalmente em grandes centros urbanos.
O contato com diferentes exposições auxilia no processo de aprendizagem e compreensão de aspectos científicos e culturais. A centralização destas instituições pelo país em ilhas oferece como impacto inclusive o risco a preservação de acervos, tendo em vista que ocorrem casos de distanciamento geográfico entre local de origem dos artefatos e as instituições museológicas.
A compreensão da necessidade de preservação da cultura imaterial também é um assunto que deve ser discutido. Este tema tem ganhando destaque nos últimos anos ao se avaliar a importância das informações construídas através de gerações em comunidades e populações tradicionais ou então para se compreender as realidades e grupos sociais existentes.
A cultura imaterial representa uma grande riqueza acumulada e que caso não trabalhada e documentada pode se perder devido ao processo de globalização e difusão massiva de informações culturais dos grupos dominantes, através das ferramentas de comunicação. A riqueza existente no conhecimento de populações tradicionais, quilombolas e indígenas deve ser preservada. Para isso, os museus e os trabalhos de documentação destas informações são vitais para manter viva a linguagem, as danças, a culinária entre outros muitos elementos que compõem as tradições e modo de vida destas pessoas.
Sobre a preservação do patrimônio museológico é importante ressaltar que o distanciamento entre o desenvolvimento da ciência e a população de regiões alvo de pesquisas pode ter um resultado drástico. Um exemplo que pode ser citado sobre isso é em relação ao patrimônio arqueológico e paleontológico, ambos são considerados como patrimônio da união e tem uma característica singular, os fósseis e artefatos são encontrados em determinadas regiões onde muitas vezes as instituições museológicas são ausentes e posteriormente os materiais são transportados e expostos nos museus existentes nos grandes centros.
Como se pode preservar algo que não se conhece ou que não se tenha construído uma relação de convivência? Por isso a descentralização de ferramentas museológicas também pode ser vista como uma importante ação para a preservação de artefatos e acervos. A democratização do acesso aos museus deve ser pensada e trabalhada no Brasil como instrumento educacional, cultural e científico.
A descentralização das instituições museológicas pode cumprir uma função importante no desenvolvimento econômico das localidades onde se existam acervos relevantes, gerando emprego e renda. Essas perspectivas são observadas ao longo do mundo em cidades e países que tem como importante base econômica o turismo. A compreensão do patrimônio museológico como bem rentável a municípios e regiões deve ser fomentada de forma inter-relacionada aos muitos outros aspectos que envolvem a museologia.
             Para enfrentar e trabalhar estes distintos temas apresentados acima, é preciso que os gestores públicos entendam que os museus cumprem um importante papel na nossa sociedade e que o acesso ou não a eles, possuem impactos econômicos, sociais e científicos. A democratização dos museus passa pela ampliação e descentralização das instituições museológicas, pela elaboração de exposições itinerantes que cheguem para além dos grandes centros urbanos e pela utilização de ferramentas digitais de comunicação para construir caminhos entre os acervos e o público das diferentes regiões.
Essas ações devem sempre ser pensadas e construídas em uma consonância entre as populações locais e instituições museológicas, para que assim tenhamos cada vez mais museus, mais público e mais informação a toda a nossa sociedade.


 Radharani Kuhn, Estudante de Comunicação Social – Radialismo (UFMT),
Caiubi Kuhn, Geólogo e Mestre em Geociência




terça-feira, 16 de junho de 2015

HÁ 60 ANOS OCORRIA EM MATO GROSSO O MAIOR TERREMOTO DA HISTÓRIA DO BRASIL!

No último mês o noticiário do mundo inteiro tem destacado a situação de calamidade que passa o Nepal. Mas e nós Mato-grossenses estamos imunes a estas forças da natureza? Não. Há cerca de 60 anos atrás, mais precisamente no dia 31 de janeiro de 1955, ocorria na Serra do Tombador, localizada na região Norte do estado, a 100 km da cidade de Porto dos Gaúchos, o maior terremoto registrado na história do Brasil, o sismo teve uma magnitude de 6,2 mb na Escala Richter. 
Na época do ocorrido, não se foi registrado grandes estragos, mas com certeza se esse terremoto ocorresse hoje poderíamos ter outras consequências, visto que nestes 60 anos a densidade populacional do estado aumentou muito. Fica então a pergunta: Será que nosso estado está preparado para lidar com desastres naturais? 
Pois bem, vamos lembrar-nos de outros fatos históricos que tem uma intima relação com a natureza. No final da década de 60 o pantanal mato-grossense passou por uma dura seca de aproximadamente de 4 anos, esse fato ficou registrado na memória dos pantaneiros e também nas poesias de Manoel de Barros. 
Muitas das águas que formam a planície alagada, antes de chegar até lá começaram a correr pelos planaltos de nosso estado. Ou seja, se o Pantanal esteve seco nesta época é por que estava chovendo pouco na cabeceira dos rios da Bacia do Paraguai. Hoje nosso estado possui como base da economia a agricultura. Será que conseguiríamos enfrentar uma seca prolongada? Existem muitos fatores que afetam os ciclos hídricos e alguns destes ciclos duram décadas, séculos ou milênios. Para compreendê-los é preciso estudar a historia do nosso planeta ao longo das eras. 
As perguntas colocadas à cima e muitas outras intrigam a sociedade no dia a dia. Mas para que possamos ter respostas concretas sobre esses temas é preciso que o Estado aprofunde os estudos geológicos, para assim, conseguir entender melhor as forças naturais que existem nosso planeta. 
Neste mês de maio comemora-se o dia dos Geólogos (dia 30), e a principal atividade que será realizada é um debate com toda a sociedade na Assembleia Legislativa, na sexta-feira dia 29, às 13h, no Auditório Dep. Milton Figueiredo, onde ocorrerá uma Audiência Pública com a temática: “Geologia e políticas públicas e as perceptivas do setor mineral”. 
Prever desastres naturais é algo quase impossível nos dias de hoje, mas podemos juntos debater como planejar as nossas ações para garantir que no futuro tenhamos um planeta cada vez melhor para se viver. 

CAIUBI KUHN 
Geólogo e Mestre em Geociências 
caiubigeologia@hotmail.com

O vestibular e as eleições

“É preciso pensar em reduzir a força do capital financeiro e também garantir igualdade de fato nas disputas”
No mês de outubro passado, dois temas de grande repercussão nos meios de comunicação foram as eleições e o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). 
E o que esses dois temas têm em comum? É simples, o primeiro se tratava da disputa político-partidária que decidiu como será o nosso governo nos próximos anos. 
O segundo tema se trada da disputa entre candidatos para conseguir uma vaga em uma universidade.
Em resumo, os dois assuntos deveriam ser disputados de forma igualitária. Todos nós sabemos das desigualdades que existem na educação do nosso país, mas e nas eleições será que a disputa é igualitária? Neste artigo irei agora comparar o processo eleitoral com um vestibular.
Antes de começar, devemos lembrar algumas "regras e fatores da nossa política atual". No Brasil existem hoje 33 partidos regulares, regidos por seus estatutos e para se chegar à disputa eleitoral é necessário passar pelo crivo partidário. Contudo, esse crivo tem suas regras que não são necessariamente as mais democráticas possíveis.

A disputa eleitoral e feita através de coligações cuja construção muitas vezes não está ligada à ideologia, e sim a quantidade de tempo de TV que cada partido possui. Mas de onde vem o tempo?
Cada partido tem seu tempo de TV e fundo partidário de acordo com a quantidade de deputados federais que a sigla possui. 
A democracia nos partidos do Brasil é questionável e o projeto ideológico da maioria dos partidos já foi deixado de lado faz tempo. 
Essa critica foi apresentada de forma clara nas manifestações de junho do ano passado onde entre as principais pautas estava a Reforma Política.
Vamos entender um pouco mais das desigualdades no processo eleitoral comparando-o com o vestibular: 
Imagine você fazendo uma prova em que tem 1h para concluí-la, e seu concorrente tem 7 horas. Pois essa é a realidade da distribuição do tempo de TV dentro de grande parte das coligações. 
Normalmente, um ou outro candidato “escolhido” ganha a maior parte da “fatia democrática” do tempo de TV, e com isso sai na frente de todos os seus concorrentes. 
Basta lembrar das eleições, que com certeza o leitor lembrará de alguns candidatos que apareciam mais na TV do que propaganda de carro.
Além da diferença de tempo, terá que resolver todas as contas de matemática usando uma caneta e papel, enquanto seu concorrente tem computadores, calculadoras e ainda uma bela equipe de professores para acompanhar cada cálculo. 
Hoje, as regras de financiamento de campanha e o uso da maquina pública fazem com que se tenha um desnivelamento gigantesco entre as estruturas dos candidatos. 
Essas diferenças ocorrem em quase todos os partidos e coligações, e alguns me dizem ser “normal” da democracia Brasileira. Mas me pergunto: realmente o processo assim é de fato democrático?
Acredito que o Brasil precisa de uma reforma política de verdade, que mecha desde as estruturas partidárias até o processo de escolha dos candidatos. 
É preciso pensar em reduzir a força do capital financeiro e também garantir igualdade de fato nas disputas eleitorais. 
Agora, o complicado é que essa reforma política, para ocorrer precisa ser votada pelos próprios políticos que em geral foram eleitos devido às regalias que obtém na disputa. Isso significa que teríamos que ver o congresso nacional e as lideranças partidárias cortando da própria carne. 
Será que isso um dia irá acontecer?
Para mudar o Brasil de verdade é preciso que a reforma política aconteça. 
Enquanto a política brasileira não mudar, continuaremos a viver em um país com sérios problemas sejam eles sociais, econômicos ou estruturais, pois, os vícios do processo eleitoral são apenas a ponta de um gigantesco iceberg que pode afundar esse gigante país chamado Brasil!